Essa travessia de Itaci x Guapé, não faz parte dos roteiros convencionais preferidos por nós trilheiros, porém apesar de curta e fora do eixo, é uma travessia bonita e que vale a pena conhecer.
Também é possível de se fazer de bike sem problemas.
Localizei esse percurso olhando no google maps, notei que haviam algumas trilhas e aproximei o mapa para verificar o relevo, fotos da região, atrativos e a paisagem em geral.
Gostei logo de cara e mostrei para Rosana e Edmar, convidei o restante do grupo por e-mail, porém acabamos indo apenas nós três mesmo.
Para todas as fotos, acesse o flickr
A Logística traçada foi a seguinte:
Como a travessia acabaria no Parque Ecológico do Paredão, em Guapé-MG, o Edmar conseguiu o telefone de contato do Tião (dono do restaurante do parque). Contatei Tião e expliquei que pretendia fazer a travessia iniciando no bairro de Itaci, pertencente ao município de Carmo do Rio Claro-MG, e perguntei se seria possível, alguém do parque, ir conosco ao início da trilha e depois seguir com o carro ao parque para deixá-lo guardado.
Tião foi super atencioso e disse que não haveria problemas e que iria avisar um funcionário para nos dar essa ajuda, fechamos o valor desse serviço em R$ 80. | contato no final do relato
Bom, fechado o valor, tracei o percurso no GPS e também adicionei os pontos de início da caminhada e Parque do Paredão no GPS do carro, para poder me achar pela região.
Partimos na madrugada do dia 5 de setembro, por volta das 4h.
Levamos cerca de 8h de viagem, porém poderia ter sido em menos tempo se eu tivesse ido via Rodovia Fernão Dias e não pelas indicações que o Google havia informado.
Ao chegarmos em Carmo do Rio Claro, procurei pelo Início da Trilha com o carro e depois segui por estrada de terra em direção ao Parque Ecológico do Paredão.
O mapa com trajeto pela estrada de terra até o Parque ecológico do Paredão é esse:
No caminho nos deparamos com uma “Gaiola” (carro estilo bugee) e perguntamos ao motorista (Alessandro) se o caminho estava correto, após as dicas, continuamos em direção ao parque.
Chegamos lá por volta de 12h30 e o funcionário (Dinho), que nos recebeu na entrada do parque, havia pensado que tínhamos desistido, pois a previsão de chegada era para a parte da manhã.
Após apresentações e aguardar o término do almoço de outro funcionário que ficaria na portaria, Dinho foi conosco até o início da trilha.
Tracklog do trajeto:
Vídeo resumo da Travessia
Depois de retirarmos tudo que usaríamos na pernada, nos despedimos de Dinho e demos início ao percurso às 13h30.
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Logo no começo da subida, havia uma nova casa que não estava no mapa e passava pela trilha, tivemos de cruzar cercas de arame para alcançar o outro lado da trilha. (No tracklog tracei um contorno para não precisar passar pelas cercas)
[28-03-2016 Atualizando: Um amigo chamado Davis Moreira, foi nesse último feriado de páscoa e conversou com o proprietário da casa (Sr. Curió), que concedeu autorização para passarem pela propriedade]
O sol estava escaldante, o mormaço da terra subia nos fazendo sentir como em uma estufa, mas as vezes o sol se escondia atrás das nuvens, pois ameaçava chover.
Quando estávamos próximos de atingir a crista, observamos ao longe que a chuva já estava sobre a represa de furnas e que poderia vir em nossa direção.
Uma forte ventania, empurrando as nuvens de chuva, chegou até nós e nos fez correr para colocar capas nas mochilas, mas apenas alguns pingos nos atingiram e a chuva desviou sua rota em direção a Ilicínea-MG.
A paisagem predominante do percurso é de cerrado, com vegetação mais rasteira e poucas árvores.
Ao atingirmos a crista, a trilha que estávamos encontra-se com outra trilha que vem do oeste e geralmente é usada por motos.
Seguindo bem adiante, às 15h30 alcançamos uma região com muros de pedra, feito por escravos numa época não tão distante da história de nosso país.
Na travessia que fizemos de Baependi até Aiuruoca também vimos destes muros. Possivelmente eram usados para demarcação de terras e ou separação do gado.
Mais meia hora de caminhada, chegamos em outro muro e seguindo ao leste, para um ponto mais descampado, é possível observar alguns penhascos onde se formam alguns vales entre os paredões.
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Durante o trajeto é possível observar pegadas de alguns animais como Emas e Lobos Guará, entre outros da fauna local, bem como é comum observar tucanos sobrevoando.
Nesse trajeto também encontramos Araticum (significa “fruto mole” em tupi), que é uma fruta típica do cerrado, se tiver a oportunidade pode experimentar, pois é doce, rico em ferro, potássio e vitaminas.
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Por volta das 17h45 chegamos ao local de nosso acampamento e nos deparamos com um gazebo já montado e uma gaiola estacionada.
Ao olharmos para a base da cachoeira, encontramos novamente o Alessandro e seu amigo Pedro.
Eles costumam acampar nesse local, não os conhecíamos ainda, pois apenas havia parado para pedir informações mais cedo nesse dia.
Após apresentações e algumas fotos, Rosana e eu fomos tomar banho, enquanto isso Edmar ficou “proseando” com os dois na base da cachoeira.
Sobre essa cachoeira, bom, não achei nome certo para ela. Em algum lugar no google achei como cachoeira do chapadão, Alessandro e Pedro dizem que algumas pessoas chamam o local de “Paraíso Perdido” e acho bem mais apropriado esse nome mesmo, pois é uma bela sequencia de cachoeiras e piscinas, com águas super limpas e transparentes, em meio a formação rochosa de Quartzito, popularmente chamada de Pedra Mineira.
Após o jantar, nos juntamos próximo ao Gazebo dos dois para batermos papo.
Alessandro e Pedro são amigos de longa data e pessoas de bem, que ajudam a preservar aquele local.
Segundo eles, para chegar até lá de carro, é necessário adentrar uma fazenda e pegar uma estrada interna em péssimas condições e que o atual proprietário ainda colocou uma barricada de pedras para evitar a passagem por suas terras.
A proibição de passagem por terras para se chegar em um local público na natureza é algo questionável, porém acaba evitando que pessoas má intencionadas depredem o local.
Alessandro contou que há não muito tempo atrás, era comum muitas pessoas acamparem por ali, deixando lixo e fazendo baderna.
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No dia seguinte após o café, Alessandro nos convidou a fazer uma caminhada rio abaixo para vermos a beleza daquele lugar.
Não cheguei medir a distância que andamos rio abaixo, mas descemos por cerca de 2h (creio ter dado 1,5km ou pouco mais de 2km), passando por inúmeras piscinas naturais que eu nem imaginava conhecer nessa região, sem contar as quedas que íamos descendo que são lindas. Essa foi a melhor parte da travessia.
Como a Rosana não sabe nadar, levamos sua esteira inflável de dormir, para que pudesse atravessar trechos mais fundos.
Ela se segurava ao meu pé enquanto eu ia nadando nos trechos que não davam pé.
A partir do 1º trecho fundo, Edmar resolveu regressar e fazer companhia ao Pedro que ficou no acampamento, chegando lá ele se deparou com Pedro fazendo churrasco e achou bom ter voltado rs.
Confesso que descer esse rio, deixou a Trilha do Rio Mogi no chinelo, não que a do Rio Mogi não seja bonita, mas essa é muito linda.
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Depois de Alessandro, Rosana e eu vermos toda a beleza da descida do rio, voltamos para ao acampamento.
Pedro nos ofereceu almoço com churrasco e aceitamos de bom grado.
Após forrarmos o estômago, era hora de desmontar acampamento e partir para a continuação do trajeto.
Nos despedimos, agradecemos por tudo e às 13h20 seguimos paralelo à cachoeira, sentido rio acima, cruzamos em determinada parte onde a trilha levaria para a o morro.
A ideia era seguirmos o caminho contornando a beirada do paredão, porém não há muito o que se observar no trajeto em termos de paisagem. Talvez teria valido mais a pena seguir pela trilha mais nova e mais demarcada que cruzava o morro sentido Noroeste em vez de Oeste, porém não passaríamos pelo topo do Paredão se seguíssemos nesse. Sinceramente, depois de ver tanta beleza descendo o rio, ter ido ao topo do Paredão não acrescentou muito.
A visão era bacana, dava para ver o Camping do Parque Ecológico do Paredão, bem como era possível ouvir a música alta que lá tocava dos carros de alguns campistas.
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Já eram 15h30 e ainda iríamos andar mais cerca de 2h até chegarmos no Parque Ecológico do Paredão.
Tentamos cortar caminho sem ter de voltar pela trilha para encontrarmos com a estrada, mas o terreno era cheio de tocos de plantas e pedras soltas, a gente andava tropeçando e cambaleando, não rendia muito, então decidimos voltar para a trilha, subir parte do trajeto de volta até chegarmos em um trecho de curva que distanciava uns 300m da estrada que deveríamos acessar e foi uma decisão acertada.
Caso você que está lendo esse, resolva fazer esse trajeto, use essa foto como ponto de referência para achar esse trecho:
Torre de Pedra
Chegamos ao Parque Ecológico do Paredão por volta das 17h30, pagamos nossa entrada e acampamento e após pegar as chaves do carro com Dinho, fui tomar banho com a Rosana.
Dinho estava preocupado conosco, pois quando nos deixou no início da trilha no dia anterior, havia mencionado que chegaríamos no parque ainda na parte da manhã, porém ficou tranquilo ao receber a notícia de um grupo de ciclistas que contou ter nos avistado na região da cachoeira, onde acampamos.
Contei que o atraso se deu, pois resolvemos aproveitar a cachoeira e as piscinas naturais antes de continuarmos a caminhada em direção ao parque e que não havia sinal de celular para avisarmos, para não se preocuparem e pedi desculpas por isso.
Após montarmos o acampamento no parque, distante da bagunça dos campistas mais acima, uma forte chuva chegou.
Rosana havia acabado de fazer a janta e corremos para o carro.
A chuva durou uns 15 ou 20 minutos, porém foi bem intensa e fez com que o as músicas de axé e outras porcarias fossem desligadas dos carros. Deus é bom ^^
Pouco depois de Jantar, Rosana doi dormir, Edmar e eu subimos para a área do restaurante e ficamos comendo queijo, tomando vinho e jogando conversa fora.
Esse foi o retorno do Edmar às trilhas depois de quase dois anos afastados devido sua pós graduação.
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No dia seguinte, aproveitamos a manhã para conhecer as cachoeiras do Parque.
A Cachoeira do Paredão é linda e vale a pena curtir um dia por lá.
Subindo por trilha, chega-se até a 2ª cachoeira do paredão, com uma imensa piscina, que também é muito bacana para nadar.
A terceira queda da cachoeira, mais acima oferece uma piscina em seu topo, onde existe uma antiga represa que possivelmente foi usada para abastecimento de água do vilarejo há muitos anos atrás.
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A hora de ir embora já se aproximava, o clima parecia querer mudar para chuvoso.
Seguimos para o acampamento, nos despedimos de Dinho e Tião e seguimos nossa viagem de volta para casa às 10h30.
Informações sobre o Parque Ecológico do Paredão
Telefone de contato:
(35) 99003272 / 98143672 – Tião do Gera
Valor do Camping no Parque do Paredão:
R$ 25 por pessoa
Valor acertado para o serviço do Dinho de ir até o começo da trilha e guardar o carro:
R$ 80
• Dica: se você quer tranquilidade no camping, evite ficar nas áreas próximas aos quiosques. Infelizmente o local é frequentado por pessoas que querem bagunçar, ficam com música alta nos porta-malas dos carros, bêbadas além da conta e deixam o local do camping sujo.
Quando Rosana e eu fomos tomar banho, uma moça bêbada havia acabado de fazer cocô no canto do banheiro, daí fomos para outro, é caro rs.
• Dica: Vale a pena reservar um período para aproveitar as cachoeiras do Parque. Não achei sujeira no percurso das cachoeiras do parque, inclusive existem sacos de lixo no trajeto, para evitar que os frequentadores sujem a área das cachoeiras.
Tanto o Tião, quanto o Dinho, são pessoas de bem, amistosas e confiáveis.
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Rodrigo boa noite!
Estava pesquisando por novas trilhas e me deparei com essa belezura de local e relato, sou de BH e estou pensando em ir com alguns amigos praticar trekking, neste local, você acha que a possibilidade de 10 pessoas acampar próximo a cachoeira do Paredão?
Desde já agradeço
Parabéns pelo site!!!
Olá Juninho, tudo bem?
Se a sua pergunta é referente ao Parque do Paredão, sim é possível.
Se a pergunta é referente ao local onde acampamos na 1ª noite, até é possível, tem muitos lugares pra montar acampamento.
Mas é preciso ter uma maior consciência com o local, principalmente na hora de fazer o “nº 2”.
Então se planejar ir com esse número de pessoas, por favor as oriente sobre manter no mínimo uma distância de 40m ou 50m da água / curso d’água, cavar um buraco de aproximadamente um palmo e enterrar, afim de evitar contaminação desse local fantástico e ainda pouco conhecido. 🙂
Um abração e boa pernada!
Bom dia Rodrigo, gostaria de conhecer a cachoeira do Chapadão, vctem o ponto de localização dela no mapa? Moro a 80km de Ilicínea e se vc me passar o ponto consigo achar.
Desde já obrigado e parabéns pela postagem.
Fala Marcelo tudo bem?
Postei o mapa no relato, basta clicar nele e dar uma olhada.
De qualquer forma, segue o ponto: https://www.wikiloc.com/wikiloc/view.do?id=11219967
Grande abraço
Parabéns , sou de Guapé e não sabia que tinhamos lugares tão lindos e tão pertos. Belo passeio| Bela reportagem.
Olá Jr!
Muito obrigado pelo elogio!
Sua região é linda, pois possui a formação geológica igual a de Capitólio.
Deve haver muito mais por aí e bem pouco explorado 🙂
Como cito no texto, achei esse local sem querer pelo google maps, e resolvemos ir até aí pra ver como era de perto. Posso dizer que foi muito além do esperado e que espero voltar em breve.
Grande abraço!
Bem interessante essa travessia.
Queria fazer. Chegar até Itaci é fácil para quem não vai de carro?
Olá Rose!
Depende da região de onde estiver.
Somos de São Paulo, então nossa logística ocorreu de carro.
Mas é possível por exemplo pegar um ônibus na Rodoviária de Carmo do Rio Claro em direção a Ilicínea e pedir para descer na estrada (Rod. Tancredo Neves). O problema é que não aparecem as placas de Km na rodovia pelo google street view, pois as imagens são de 2011, quando a pista acabou de ser asfaltada, daí complica um pouco para ajudar com essa informação.
Então seria interessante demarcar o ponto da estrada em algum GPS, onde deverá descer ou olhar pontos de referência no mapa.
Para chegar a Carmo do Rio Claro, saindo de São Paulo existe a Viação Santa Cruz e Viação União e saem do Terminal Tietê.
Se você for de outra cidade diferente, no site oficial de Carmo do Rio Claro tem mais informações de viações:
http://www.carmodorioclaromg.com.br/comochegar.html
Lembrando que o início do trajeto fica numa região rural do bairro de Itaci, ou seja, entre Carmo do Rio Claro e Guapé, mas a melhor logística é partindo da Rodoviária de Carmo, pegar uma circular até Ilicínea, pois aí desce na estrada sem problemas.
Telefone da Viação Santa Cruz em Carmo do Rio Claro> (35) 3561-1588.
Qualquer dúvida, estou a disposição
Grande abraço
Que lugar maravilhoso, faz digno ao nome paraíso perdido !
Faz sim cara, não descemos tudo o que seria possível, mais pelo horário, mas valeu a pena.