Travessia Extrema a Fechados – Serra do Cipó

A travessia do arraial de Extrema ao vilarejo de Fechados, na Serra do Cipó, é um percurso curto, porém repleto de cachoeiras pelo caminho. É daquelas travessias que recomendo fazer sem pressa, para poder aproveitar cada momento.

Nos baseamos no relato e tracklog do nosso amigo Chico, morador de Belo Horizonte e grande conhecedor desta região da Serra do Espinhaço.

Então nesse post, não vou contar tantos detalhes da travessia, pois o Chico já fez isso com muita maestria. Recomendo ler o post dele.

Porém, vou contar um pouco da logística para chegada e resgate nesse relato, para poder ajudar quem tenha interesse e se organizar da melhor forma para aproveitar bem a região.

Se você procurar “Extrema” no mapa, é capaz de não encontrar. Aliás, você vai encontrar sim, mas na região sul de MG e não é dessa Extrema que estou falando.

Extrema é um pequeno arraial, pertencente ao município de Congonhas no Norte-MG.

Fechados também não é uma cidade, é um pequeno vilarejo, de um pequeno município chamado Santana de Pirapama.

O post até poderia levar o nome de “Travessia de Congonhas do Norte a Santana de Pirapama – Serra do Cipó”, que não estaria errado. Porém a Serra do Cipó é uma região relativamente fácil de se caminhar e existem muitas rotas possíveis. Nesse caso, estamos focando numa travessia específica entre os dois municípios através de seus dois pequenos vilarejos.

A logística:

Indo para o início da trilha:

  • Saímos de São Paulo na noite de 24 de fevereiro de 2017, partindo do Terminal Tietê, com destino a Belo Horizonte;
  • Chegando em Belo Horizonte pela manhã do dia 25, pegamos um ônibus para Conceição do Mato Dentro;
  • Na estação rodoviária de Conceição do Mato Dentro, encontramos com o taxista chamado Erlucio (31 8484-4306), seu contato foi fornecido pelo Chico;
  • O Erlucio nos levou até o começo da trilha, pelo preço de R$ 100.

Após terminar a travessia, como seguir para Belo Horizonte:

  • No vilarejo de Fechados, aguardamos um táxi da cidade de Sete Lagoas, que já havia combinado antes para nos resgatar;
  • Também é possível conseguir algum transporte em Fechados, porém o vilarejo tem cerca de 200 moradores, então por segurança reservei esse táxi em Sete Lagoas. Contato: 31 9939-4706 – Glaydson;
  • Chegando na rodoviária de Sete Lagoas, existem vários táxis que fazem o frete até BH. Pegamos um com preço semelhante ao ônibus, que nos levou até a rodoviária de Belo Horizonte;
  • De lá compramos a nossa volta, para viajarmos à noite e chegarmos no dia seguinte pela manhã em nossas casas;

#Dica: Procurando no google maps por “Táxi Sete Lagoas“, aparecem várias opções. Apenas cotei e fechei o mais em conta. Mas no geral, a base de preço para esse resgate em Fechados é de R$ 360.

Como mencionei no início, seguimos o tracklog do Chico, que está perfeito!

Segue abaixo:

Relato: 

Era carnaval e havíamos decidido fazer esse trajeto, mesmo sabendo da possibilidade de tempo ruim. Por ser verão, tínhamos esperança de podermos aproveitar bastante e deu tudo certo! 🙂

Após nossa chegada em Belo Horizonte (25-02-2017), tratamos de comprar nossas passagens para Conceição do Mato Dentro. Embarcamos às 8h e pegamos muito trânsito no trecho de Lagoa Santa e só chegamos em Conceição do Mato Dentro às 14h40.

Erlúcio, taxista que eu havia contatato, nos encontrou alguns minutos depois e sem mais delongas, partimos em direção ao começo da trilha.

#Dica: Caso queira saber o trajeto de carro, até o início da trilha via google maps, clique aqui.

Segue abaixo, o nosso vídeo resumo:

#Dica: Você pode ver todas as fotos dessa travessia, acessando nosso álbum do flickr.


1º dia:  +/- 10km de percurso

Começamos nossa caminhada às 16h e havíamos decidido percorrer até a casa de Dona Cacilda e Seu Sebastião, carinhosamente conhecido como Batu, para acamparmos em frente sua residência.

A caminhada até esse trecho é bem tranquila e muito bonita. Aliás, a região da Serra do Cipó é uma das mais bonitas que já caminhei e está na minha lista das que mais gosto.

Só a logística para se chegar que é um pouco complicada, mas sempre vale a pena.

Durante a caminhada, fizemos uma rápida parada na Cachoeira Carapinas para tirarmos algumas fotos e seguimos nosso caminho.

Chegamos já à noite na residência de Dona cacilda e Batu, por volta das 19h30 e não permitiram que acampássemos lá. Fizeram questão de que dormíssemos dentro da casa e nos acomodaram muito bem.

Eles já são bem idosos, mas seus parentes sempre os visitam.

A casa de barro, que não tem nem energia elétrica, está em uma rota que costuma receber tropeiros na região quando estão em romaria, ou quando há alguma festividade, que precisam cruzar esse caminho.

Eles possuem inclusive, um alojamento em alvenaria, que foi recém construído para acomodar mais pessoas. Segundo eles, capaz de hospedar mais de 35 hóspedes por lá.

Depois de batermos um pouco de papo, Rosana preparou nosso jantar no fogão à lenha da casa e chegamos até tomar um banho quente, com um sistema adaptado que eles possuem no banheiro, basta apenas esquentar a água no fogão antes.

Edmar e Falco ficaram em um quarto, Rosana e eu ficamos em outro. Posso dizer que foi uma noite muito bem dormida e realmente precisávamos, pois não foi possível dormir bem durante a viagem de São Paulo a Belo Horizonte.

Algumas fotos

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2º dia: +/- 9,5 km 

Levantamos cedinho e fomos preparar nosso café. Dona Cacilda já havia preparado um café preto muito saboroso por sinal, que fez questão que tomássemos também.

Deixamos um dinheirinho guardado para eles, que avisamos só na hora de partir, pois não queriam aceitar de forma alguma.

Após nos despedirmos de Dona Cacilda e Seu Sebastião, era hora de seguirmos nosso rumo. (8h15)

Após cerca de 1h de caminhada, fizemos uma parada na Cachoeira do Moinho para pegarmos mais água e batermos umas fotos.

Por volta das 11h, chegamos na travessia do Rio Preto, estava chovendo, mas não apresentava perigo para fazer a travessia.

Após atravessarmos, deixamos nossas mochilas no chão, cobrimos com as capas e uma lona, para que pudéssemos fazer uma boa pausa nas Cascatas do Rio Preto. Ficamos por lá por umas 2h.

Era dia de eclipse solar, mas mesmo com o tempo nebuloso, foi possível assistir.

Por volta das 14h, chegamos no ponto do “Banquinho de Pedra”, onde fizemos uma pausa e depois seguimos em direção ao córrego Andrequicé, onde pretendíamos acampar nos arredores do mesmo.

Durante a caminhada porém, uma forte chuva se aproximava e voltamos correndo ao “Banquinho de Pedra”, para montar acampamento às pressas, pois o Falco havia esquecido a capa de sua mochila na casa de Dona Cacilda e Batu.

A chuva nos alcançou e o Falco conseguiu montar a barraca dele a tempo, Edmar montou mais ou menos, Rosana e eu não terminamos de montar, mas ficamos embaixo da lona aguardando a forte chuva terminar.

Ainda era cedo, então assim que a chuva cessou, esticamos a barraca na vegetação para dar uma secada.

Resolvemos ficar acampados por lá mesmo, já que estávamos bem acomodados e a distância do ponto planejado, estava à apenas cerca de 600 ou 700m e numa caminhada plana.

Algumas fotos:

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3º dia: +/- 13,5 km 

Por volta das 7h30 do dia 27-02-2017, já estávamos partindo rumo a Cachoeira do Horizonte, que foi o nosso ponto para último pernoite para fechamento com chave de ouro.

Cerca de uns 10 minutos depois que percorremos o caminho, chegamos ao Córrego Andrequicé. Mas devido as chuvas na região, estava com seu nível elevado.

O tracklog marcava uma travessia num determinado trecho dele, que em dias comuns, a água não passa da canela, mas naquele momento estava na altura das coxas.

Retornamos e paramos para analisar uma rota alternativa. Falco encontrou um caminho que estava mais viável, pelo córrego Andrequicé, pouco mais à esquerda do trajeto traçado.

Após atravessarmos, caminhamos paralelo ao córrego, até chegarmos onde deveria ter sido, nosso acampamento do dia anterior (8h30).

Este trecho também é uma bifurcação para seguir para a Cachoeira da Samambaia, porém decidimos não ir até a mesma.

500 metros adiante, do nosso trajeto planejado, existe um ponto de água antes do início do “Subidão do Miltinho” (nome indicado pelo Chico no tracklog). É recomendável que se reabasteça antes de começar a subida, pois o próximo ponto de água estará somente à 11km.

O “subidão” fornece uma vista linda da região, onde por volta das 9h10, fizemos uma parada no platô para apreciar a vista.

Por volta das 10h15, já estávamos no trecho culminante da caminhada, que foi uma ascensão de pouco mais de 290m de altitude.

Fomos seguindo a nossa jornada, por caminho bem demarcado até o ponto onde Chico marcou como “Cocho de boi”.

Durante a caminhada, avistamos a boiada pastando à oeste, mas assim que nos avistaram, vieram em disparada em nossa direção.

Os animais são dóceis e não mostraram sinais de que nos atacariam, pois acreditavam que éramos tratadores e nos seguiram durante parte do trajeto.

Após o passarmos o ponto do cocho, seguindo a caminhada. Chegamos num trecho que o Chico informou como “confuso”, por ser cercado de pedras e árvores do cerrado.

Fizemos uma breve parada, pois a paisagem é bem diferente e bonita ao mesmo tempo. Foi possível avistarmos um coelho do cerrado em cima de uma das pedras inclusive, mas infelizmente não consegui fotografá-lo.

Ainda durante a caminhada pela crista, por volta das 12h50 o tempo começou a fechar e era possível avistar raios caindo ao longe, onde as nuvens estavam mais carregadas.

A chuva chegou até nós, mas mas por sorte já estávamos na descida rumo ao Ribeirão de Fechados, o que foi um alívio por sair de um campo tão exposto ao risco de ser atingido por raios.

Às 13h30 já estávamos em frente da “Cachoeira do Canyon”, que faz parte do Ribeirão de Fechados. É uma vista linda!

#Dica: Quando fizer esse trajeto, reserve um tempo para conhecer a Cachoeira do Canyon de perto! Valerá a pena. Inclusive, você encontra a Cachoeira das Três Quedas bem próximo também! Para isso, pegue a “Trilha para a casa do Valtinho” e deixe sua bagagem por lá. 😉

Por volta das 14h40, já estávamos no nosso local de acampamento do dia, a Cachoeira do Horizonte. Ainda chovia, mas a temperatura era agradável.

Mais tarde a chuva cessou e ainda deu até pra curtir o pôr do sol, mesmo com o horizonte apresentando algumas nuvens densas.

Algumas fotos desse dia:

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4º dia: +/- 5 km 

Levantamos cedinho no dia 28-02, por volta das 6h15, eu já estava tirando fotos da Cachoeira do Horizonte.

Havia um mar de nuvens abaixo da linha da cachoeira, o que dava uma sensação ainda mais mágica de estar naquele lugar.

Descendo a queda da cachoeira, tem-se uma vista bonita e delicada da mesma, olhando para o lado do penhasco é possível ver que é uma baita queda acidentada.

Depois de muitas fotos e também nadar um pouco, desmontamos acampamento e às 9h10 partimos para nossa última cachoeira da travessia, a Cachoeira do Ofurô.

Essa já é uma cachoeira mais visitada, tem um bom poço para nadar também. Por ser mais visitada, infelizmente também é possível encontrar lixo, devido a falta de educação de alguns frequentadores.

Seu acesso pode ser feito, boa parte por estrada de terra e caminhar um trecho curto.

Ficamos por lá cerca de uns 20 minutos e partimos sentido ao vilarejo de Fechados.

A vista da descida também é muito bonita, seu o caminho é basicamente composto por terra e rochas, e alguns moradores locais costumam subir à cavalo.

Por volta das 11h15, já havíamos concluído nossa pernada até Fechados, agora era hora de esperar por nosso resgate até Sete Lagoas.

Algumas fotos:

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Fim! 🙂


Leia também:

http://www.exploradores.com.br/travessia-lapinha-x-tabuleiro/

Circuito 2 Pontes + Cachoeira do Tabuleiro – Serra do Cipó